Casa das Silvas
Nunca é boa ideia ir explorar locais abandonados de calções. Já o fiz várias vezes e digo sempre que não volto a fazer o mesmo, mas acaba sempre por acontecer. No dia que visitei esta casa, estava bastante calor, soube bem ir de calções, não soube tão bem foi quando encontrei este local e estava rodeado de silvas. Arranhei as pernas todas para conseguir entrar, mas considero que valeu a pena.
Embora o local já tenha sido claramente vasculhado, de uma ponta à outra, não foi alvo de atos de vandalismo, o que é normal visto que fica localizado num meio pequeno e calmo. Achei curioso que em cima da mesa estava uma mica e no interior encontrava-se o registo de venda da casa. Dá quase a ideia que existiu um negócio e que depois da casa vendida, o novo proprietário não voltou mais. É estranho eu sei… Mas foi a ideia com que fiquei.
A casa está dividida, nota-se que uma parte é mais antiga e que outra foi renovada. Achei mais interessante a parte renovada, porque nota-se que efetivamente alguém viveu lá e esta parte da casa está totalmente capaz de ser habitada. É um pouco triste pensar que um local como este se encontra abandonado e existem tantas pessoas a precisar de casa, principalmente numa altura em que o preço das casas e das rendas está altíssimo e tem tendência a subir ainda mais.
Ainda fiquei algum tempo no local, tentei encontrar cartas que pudessem contar um pouco da história do local, mas sem sucesso. Há saída da casa, já na estrada, vi um senhor de idade ao fundo da rua e resolvi meter conversa com ele, perguntar se sabia a quem pertencia ou pertenceu a casa. Disse-me que não sabia a quem pertencia, que a antiga dona faleceu e que a casa foi vendida, mas nunca foi habitada depois disso.
Também me disse que a dona da casa tinha falecido há vários anos e que ele não a conhecia bem, porque ela não era da zona e era uma pessoa recatada. Os antigos donos antes dela, esses sim ele conheceu bem. Era uma família com origens humildes, que tinha terrenos na zona e usavam-nos para cultivo. Falou-me que nessa altura até chegou a ir ajudar a vindimar alguns desses terrenos e que infelizmente a maioria deles hoje em dia já não estão cultivados.
Disse-me “aquilo é que eram bons tempos”, assumi que o disse porque nessa altura a pequena aldeia devia ter mais gente, ele era mais jovem e a vida provavelmente era mais simples.
Perguntou-me qual era o meu interesse na casa, apenas indiquei que andava a tirar fotos por ali e que fiquei curioso pelo local estar abandonado e com tanto mato. Concordou comigo que era uma pena estar assim e despedimo-nos, dirigi-me ao meu carro e segui para o próximo local da lista.
Realmente interessante o estado de preservação e detalhe no interior desta casa.
Excelente trabalho André, sempre um gosto acompanhar.