Casa da Última Sonata
Visitei esta casa há quase três anos, estava de férias na altura e não fazia conta de ir fotografar locais abandonados, mas o “bichinho” falou mais alto. Por esta altura, quem segue o blog já está farto de saber que gosto de casas abandonadas, da sua arquitetura, dos mistérios que se escondem nos interiores e as histórias que têm para oferecer.
Já perdi a conta ao número de casas abandonadas com pianos que visitei, mas o piano que encontrei nesta é especial, não só por ser um Henri Herz (conhecido pianista e fabricante de pianos), mas também por ser, na minha opinião, o piano mais bonito que encontrei até ao momento, em locais abandonados. É daqueles pianos em que a madeira envelheceu, mas esse envelhecimento e desgaste deu-lhe carisma.
Esta casa pertenceu a um casal muito conhecido na vila. Durante muito tempo, a família teve um negócio ligado à agricultura. O Sr. Antunes saía de casa cedo e voltava tarde, a mulher tomava conta da casa e das crianças, mas quando tinha algum tempo livre, sentava-se em frente ao piano na sua solarenga marquise junto das suas plantas onde tocava sonatas de Chopin.
Eram outros tempos, tempos risonhos para esta família, mas nem sempre foi assim. Maria casou com o Sr. Antunes por amor, mas a família dela não concordava com o casamento. O Sr. Antunes era um homem sem grandes posses e por essa razão não era visto como um bom partido.
Mas o homem era trabalhador, muito trabalhador e passado alguns anos, depois do casamento, tornou-se um dos homens mais abastados da vila. Calou tudo e todos quando mandou construir esta linda casa para si e para a sua esposa, além de ter ajudado financeiramente para a construção da igreja da vila, nos finais do século XIX.
Mas o casal que em tempos foi jovem, envelheceu… E talvez unidos pelo amor, morreram com pouco tempo de diferença. E com eles também morreu a casa, que se manteve ignorada pelos filhos e netos, que transitaram as suas vidas para as grandes cidades estrangeiras, onde buscaram cultura, aventuras e maior fortuna!
Ficou apenas a casa, as histórias sobre ela e sobre as pessoas que lá viveram, contadas no pequeno café da vila.
Quem gosta de antiguidades como eu, sabe que casas destas “abandonadas” não existem. Existem casas fechadas faz muitos anos o que é diferente. Se as casas estivessem realmente abandonadas, estás giros eram impossíveis de se conseguir. Infelizmente eram todas devassadas e destruídas. Mas acho o seu blog interessante e parabéns.
Depois das casas serem habitadas, e antes de serem todas devassadas e destruídas (como o Francisco diz), existe um meio termo… é nesse meio termo que muitas destas casas abandonadas estão. Há uns anos visitei a “Casa da Viscondessa” outra casa que está publicada no blog, e já na altura que fui a casa tinha sido vandalizada, mas uns anos antes foi fotografada por uns amigos meus, e estava cheia de antiguidades também. Actualmente até já pegaram fogo à casa que não ardeu totalmente mas sim parcialmente.
Isto dos abandonados Francisco é tudo uma questão de Timming… às vezes chegamos antes das casas começarem a ser devassadas e destruídas, outras vezes já chegamos depois.
André fiquei encantada com esta casa que é realmente linda!
As fotos estão fantásticas!
Sabe de alguém que faça este roteiro em busca de abandonos e nos guie nesse sentido!?
É realmente um local incrível, obrigado pelo comentário. Infelizmente desconheço alguém que faça algo desse género.
Oi André, também tenho essa paixão por lugares assim. Uma vez que entra em uma casa abandonada, fica como um vício .É como que entrasse na véia.
Pode ser um hobbie viciante sim Cilene, mas é saudável desde que feito com cuidado lógicamente 🙂
Onde ficam estes lugares maravilhosos?