Casa da Cruz
Provavelmente a história que vou contar sobre este local, é uma das coisas mais inacreditáveis que vi na vida. A história acaba por estar mais relacionada com a experiência de ter visitado o local do que propriamente com a história da casa especificamente.
Tive este solar na lista das “próximas visitas” durante muito tempo, andei na zona várias vezes mas nunca se proporcionou. Há cerca de um ano e meio atrás, finalmente fui lá, andava perto com a minha namorada, combinei com um amigo meu que já tinha visitado o local anteriormente e fomos lá.
Já me tinham dito que a casa era bastante perigosa e talvez fosse por esse motivo que andei tanto tempo a adiar a visita. Realmente certas partes da casa estão num estado lastimável, buracos no chão por todo o lado, em certas partes o telhado já caiu e o único lugar relativamente seguro para andar é no corredor, evitando entrar nas divisões que estão em pior estado. Mas mesmo no corredor era extremamente perigoso, a madeira estava toda podre e era preciso avaliar bem cada passo que se dava.
Durante a nossa visita, estávamos a fotografar e ouvi um barulho, mas o que não falta neste género de casas são barulhos, tal como animais (morcegos por exemplo) e portanto não liguei. Passados 5 minutos vimos vir na nossa direção um rapaz a correr com uma câmara fotográfica na mão, era outro explorador de locais abandonados! Eu nem queria acreditar, o rapaz vinha literalmente a correr pelo tal corredor que eu mencionei em cima que era bastante perigoso… Mas a história ainda fica mais inacreditável.
Já não é a primeira vez que me cruzo com outras pessoas a fotografar durante as minhas explorações, aliás já aconteceu mais que uma vez, mas normalmente não sou apanhado de surpresa como fui neste caso.
O rapaz, de nacionalidade espanhola, abordou-nos e perguntou se éramos do urbex (termo inglês que significa exploração urbana), ao que respondemos que sim e também questionou por onde tínhamos entrado. Viemos depois a perceber que ele tinha entrado por um outro acesso mais difícil e que trazia mais gente com ele, para entrar na casa, mas que não conseguiam entrar pelo mesmo sítio que ele entrou. A casa já não tinha janelas em certas partes e provavelmente entrou por alguma.
Passado alguns minutos, o rapaz apareceu com a namorada e o filho bebé no colo. Sim leram bem… Um bebé com apenas alguns meses. Mas que género de pessoas é que andam com um bebé nos braços, a fazer urbex? Ainda para mais num local tão perigoso.
A rapariga espanhola fotografava e enquanto isso o namorado tomava conta da criança, a certa altura estava a embalar o bebé para o adormecer, quando reparo que rapaz estava num local onde o chão estava todo podre e inclusive via-se o andar de baixo pelo espaçamento entre as tábuas de madeira. Foi nessa altura que eu pensei mesmo que ia acontecer uma desgraça qualquer, mas felizmente não aconteceu.
Tanto eu, como a minha namorada e um amigo que nos acompanhava ficámos incrédulos com a situação. É daquelas histórias que contando, ninguém acredita. Visitar locais abandonados já é uma aventura perigosa por si só, mas levar um bebé atrás?
Ao ver todo aquele cenário, decidi despachar-me e ir embora. Acabou por ser uma exploração mais curta. Pouco sei sobre a casa especificamente, sei que foi construída no século XVIII e que tem dois conjuntos habitacionais diferentes, um mais recente que outro e também que a capela tinha missa mensal para todos os habitantes da zona.
Nunca mais me vou esquecer deste dia. Sinceramente, espero que o casal espanhol ganhe juízo na cabeça, uma coisa é ser adulto e aceitar certos riscos, outra é levar um bebé indefeso para uma situação eventualmente perigosa. É simplesmente uma irresponsabilidade demasiado grande.
É pena um grande conjunto habitacional ter sido abandonado. As construções humanas são efémeras, mais que as que a natureza constrói. Dá par perceber o quanto a nossa passagem sobre a terra é um instante terrestre. Depois de deixar as posses, elas ficam morrendo como nós. Pois, o que segura a casa é o telhado e deve estar sempre arranjado. Mesmo se não há dinheiro para reabilitar, há sempre maneira de proteger o telhado.
Onde fica?
Abraço
Leitura simples mas inebriante. Este lugar deve ter sido estupendo,.
Há algum meio de restaurar essas casas?
Que trabalho lindo! Parabéns! Abraço aqui do Brasil.
Obrigado pelo comentário Layume!
Grandes fotos! Parabéns!
Espetacular! Parabéns pelo belo trabalho grandes fotos!Obrigado pela partilha!
Obrigado pelo comentário! Cumprimetos.